Para que os leitores possam situar-se na realidade do tempo em que se deu a ideia de instalação de um novo templo católico no bairro Nova Campinas, na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, mais exatamente a Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, nada mais adequado do que transcrevermos adiante, de folhas 1 a 3 do Livro Tombo da Paróquia Santa Rita de Cássia, respeitando-se o texto original como foi escrito em 29 de maio de 1964, pelo Padre Chiquinho.
“Corria o ano de 1957. A florescente cidade de Campinas contava, pelo seu último censo, cerca de cento e oitenta e seis mil habitantes, e estava recebendo, na ocasião, importantes capitais estrangeiros que aqui se instalavam em magníficas indústrias, como a Dunlop, Singer, Clark-Mac,Bendix, Bosch, Sharp-Dhome e outras.
Surgiam loteamentos, às dezenas, e novos bairros formavam-se rapidamente.
Era Presidente da República o Dr. Juscelino Kubitchek de Oliveira; era Governador do Estado, o Dr. Janio da Silva Quadros; e Prefeito Municipal de Campinas, o Sr. Ruy Hellmeister Novais.
A Prefeitura Municipal de Campinas, por destinação dos loteadores da Nova Campinas, famílias Caquinho de Assunção e Andrade Coutinho, doôu à Cúria Diocesana de Campinas, um terreno com 2.500 metros quadrados, localizado no alto da Nova Campinas, entre as Ruas Carlos Stevenson, Avenida Jesuíno Marcondes Machado e Rua D.Francisco de Campos Barreto, em magnífica localização topográfica, e de onde se descortina toda a cidade.
No dia 5 de m aio de 1957, o Exmo. Senhor bispo Diocesano, D.Paulo de Tarso Campos benzeu solenemente a pedra fundamental da Igreja de Santa Rita de Cássia, em cerimônia que contou com a presença de moradores do bairro, dos devotos de Santa Rita, do Pe. Francisco de Assis Marques de Almeida, então encarregado da construção da referida Igreja, e do Pe. Thiers Pelice Lício. Estavam presentes também à cerimônia, os membros da primeira Comissão encarregada das obras da Igreja, assim constituída: Presidente: Dr. Paulo Ariani; Vice-Presidente: Dr. Arthur Paes Leme Canguçu; Tesoureiro: Jorge Abdel Massih; e mais os Srs. Alberto Afonso Ferreira e Cel. Job Figueiredo.
Usaram da palavra o Dr. Paulo Ariani e o Dr. Eduardo Edargê Badaró. Finalmente, D.Paulo de Tarso Campos encerrou a cerimônia, incentivando os presentes a levarem a cabo a construção da Igreja.
Construção estipendiada pela contribuição popular, o Pe. Francisco de Assis Marques de Almeida sabia, de antemão, que grandes dificuldades iniciais precisavam ser vencidas: bairro novo, de densidade demográfica baixa, constituído, apenas, do conjunto residencial do I.A.P.C. e das 25 casas residenciais construídas pelo Banco Lar Brasileiro e vendidas, a prestações, a pessoas da classe média. Por outro lado, grandes gastos iniciais o aguardavam: o exame procedido no sub-solo do terreno revelou sua pouca resistência, sendo necessário o estaqueamento. Noventa e nove estacas de concreto, de 15 metros de comprimento, foram cravadas para receber o alicerce.
A fim de manter coêsa a comunidade religiosa, o Pe. Francisco de Assis Marques de Almeida passou a celebrar todos os domingos, a partir do dia 5 de maio de 1957, data em que foi celebrada a primeira missa do bairro, no pretório da residência da família do Dr. Armando Ladeira de Araujo Teixeira, à Av. Dr. Hermas Braga, n° 328. Algumas vezes, a missa de domingo foi celebrada na residência da família do Sr. Renato Manjaterra, à Rua Pascoal N. Purchio, n° 91, no conjunto residencial do I.A.P.C. Nessa ocasião, organizou-se a segunda Comissão Pró-Construção da Igreja de Santa Rita de Cássia, composta dos seguintes membros: Presidente: Sr.Eduardo Augusto Delgado; Vice-Presidente: Dr. Armando Ladeira de Araujo Teixeira; Tesoureiro: Sr. José Specie; e Secretário, Sr. Renato Manjaterra.
Em maio de 1958, ou seja, um ano após à primeira missa, aguardava-se a Missão dos Padres Redentoristas, em visita a Campinas. Preparou-se, então, com materiais de construção usados, ofertados pelo Sr. Eduardo Augusto Delgado, uma Capela de 15 metros de comprimento por 8m de largura, construída de madeira, e painéis de Duratex e coberta com telhas de Brasilit, erigida no centro da nave principal da futura Igreja, – que, na ocasião, já tinha pronto o respaldo do alicerce, e as paredes da igreja, apenas, emergiam do chão, com uma altura de metro e meio.
Foi designado para este bairro o Revdo Pe. Campos, missionário redentorista, que durante uma semana celebrou missas diárias, atendeu o povo em confissão, promoveu palestras, finalizando a missão com uma procissão.
Havia, normalmente, missa na Capela, somente nos Domingos e Dias Santos, porque o Pe. Francisco de Assis exercia, também, as funções de capelão do Hospital Vera Cruz.
Assim, também, decorreu o ano de 1959, com missas celebradas naqueles dias, sendo nesses anos, todos realizadas quermesses, novenas e procissões. Começavam as novenas a 13 de maio e terminavam na véspera do dia de Santa Rita de Cássia, com procissão pelas ruas do bairro, iniciando-se, então, a quermesse que perdurava até o ultimo domingo de Junho, aos sábados e domingos.
Já em 1960, com a construção da igreja mais adiantada, a parte reservada à sacristia já coberta, com a lage superior fundida, foi transferida para esse novo local, em forma de L, mais amplo e resguardado, a nova capela. O altar foi colocado escantilhado, no ângulo do L. Para servir de sacristia foi construída, a título precário, uma edícula de 3m por 2m., com W.C. A nova capela, com acabamento de emergência e pintura grosseira, passou a abrigar o numero cada vez maior de fiéis, moradores do bairro ou vindos de outros bairros da cidade, que aos domingos e dias santos vinham à missa.
Realizaram-se nesse ano, a novena de Santa Rita de Cassia, a procissão, quermesse e rifas.
O Pe. Francisco de Assis participou pessoalmente do programa de Televisão, intitulado “O ceu é o limite” promovido pela Pneuac, no Canal, sendo arguido sobre o tema “O diabo”, trazendo o prêmio em dinheiro, que conseguiu, para os cofres das obras da Igreja de Santa Rita de Cássia.
Em 1961 foi organizada nova Comissão das Obras, constituída pelos Snrs: Decio Rodrigues Martins, Presidente; Eduardo Augusto Delgado, Vice-Presidente; Cláudio Palmieri, Renato Manjaterra e José Specie.
Durante o ano de 1962, além das missas celebradas nos domingos e dias santos, nos horários de 8 e meia e 19 e meia horas, pelo Pe. Francisco de Assis Marques de Almeida, passou a Capela de Santa Rita de Cássia, a contar com missas diárias, celebrada às 8 horas, pelo Pe. Antonio Lúcio Campos Almeida, a partir do mês de agosto de 1962. Tais missas, embora mudados os horários para melhor atender às conveniências dos moradores do bairro, foram em julho de 1963 suprimidas por falta de frequência.
No ano de 1963 as missas dominicais das 8,30 horas, passaram a ser irradiadas pela Rádio Educadora de Campinas, onde o pároco mantem há 10 anos, um programa religioso intitulado “O Senhor está conosco”, irradiado às terças, quintas e sábados, das 11,30 às 12,00 horas, no qual se faz também, propaganda da Campanha pró-construção da Igreja de Santa Rita de Cassia.
Durante todos esses anos realizaram-se rifas, quermesses, listas, avant-premiéres, desfile de modas, bazares, promovidos pela Igreja de Santa Rita de Cássia, ou por ela associada a outras entidades beneficentes.
Em dezembro de 1963 foi executada a cobertura da Igreja com telhas de alumínio”.